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Palmas para o maior chorão vivo

por Henrique cazes

27/05/2017 0:00

Joel Nascimento justamente figura entre os grandes discípulos de Jacob. Joel nasceu no dia 13 de outubro de 1937, no subúrbio da Penha.

No dia 13 de outubro deste ano o bandolinista Joel Nascimento vai completar 80 anos, e há motivos de sobra para comemorarmos a data.


Em 1949, aos 12 anos de idade, Joel viveu intensamente o sucesso de Waldir Azevedo com “Brasileirinho”, e foi essa a primeira música que tirou de ouvido num cavaquinho tosco. Aos 15, experimentou o piano e depois embarcou no modismo do acordeom, especializando-se em tangos e boleros com o conjunto Joel & Seu Ritmo.


Disposto a levar a música a sério, foi estudar piano clássico no Conservatório Brasileiro de Música com Max de Menezes Gil. O estudo prosseguiu por quatro anos e meio, até que o ouvido esquerdo parou de funcionar com a otoesclerose. A falta de perspectivas na música levou Joel para a carreira de técnico em radiologia e ao emprego no Instituto Médico-Legal, atividade que o próprio apelidou de “fotógrafo de presunto”.


Somente em 1968, Joel Nascimento começou a reencontrar a música em rodas de choro, levando seu velho cavaquinho afinado como bandolim. Até que Seu Oracy, o dono de uma casa onde faziam roda, lhe presenteou seu primeiro bandolim.


O encontro com o bandolim tardou, mas aconteceu de forma exuberante. Joel, buscando suprir o que a deficiência auditiva lhe roubava, desenvolveu uma sonoridade especial e que encantou João Nogueira, quando o escutou numa festa em Paquetá. Foi pelas mãos de João que o profissionalismo veio, e vieram as gravações e o contato prolífico com o maestro Geraldo Vespar, responsável pelos arranjos de três LPs antológicos de Joel.


Em meados da década de 1970, quando já tinha o nome firmado e vinha sendo convidado para eventos como o Choro na Praça (com Waldir Azevedo, Abel Ferreira e cia.) e os projetos Pixinguinha e Seis e Meia, Joel teve a ideia de pedir ao maestro Radamés Gnattali que transcrevesse “Retratos”, a suíte para bandolim e orquestra, para uma formação típica de choro. A ideia fez surgir a Camerata Carioca, um grupo que marcou liderança na primeira metade da década de 1980, abrindo o repertório desse tipo de conjunto a autores que iam de Vivaldi a Piazzolla. Gnattali ainda lhe dedicou um concerto para bandolim e orquestra que potencializa o estilo Joel de bandolim. Com o fim da Camerata em 1986, Joel organizou o Sexteto Brasileiro, com o qual realizou duas turnês costa a costa nos Estados Unidos .


Avesso a autopromoções e bajulações políticas, Joel Nascimento continua vivendo com a simplicidade dos sábios, na mesma rua da Penha Circular onde nasceu. E, se não tem tido a visibilidade que merece, a data redonda de aniversário é uma oportunidade de revertermos isso. Começaremos em junho no Clube do Choro de Brasília. A biografia escrita por Jorge Roberto Martins está a caminho, assim como um CD reportagem, de gravações raras e inéditas. O Festival Villa-Lobos o acolheu como um dos homenageados do ano, e o espetáculo “Joel Nascimento 80 Anos” será levado a várias capitais para celebramos com muita música o maior chorão vivo.

Leia mais: https://oglobo.globo.com/

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