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Recordar é viver: Trio Tapajós comemora 50 anos de história e carnavais


Por Sylvia Verônica - JORNAL A TARDE 18/02/2006


Dodô e Osmar inventaram o trio;

Orlando Campos de Souza, 72 anos, o Orlando Tapajós, não deixou a folia morrer. Em 1956, quando o Tapajós desfilou pela primeira vez no Carnaval de Periperi, no subúrbio de Salvador, Orlando não imaginava que toda sua trajetória estaria ligada ao Carnaval. Seis anos depois, criou a primeira carroceria metálica e independente da estrutura do caminhão. Era o início da evolução que transformaria os trios no que são hoje.

Este ano, o Tapajós comemora 50 anos em grande estilo. Em abril, artistas como Bell Marques, Durval Lélys, Ivete Sangalo e Carlinhos Brown prometem fazer show comemorativo. E o Tapajós desfila na quinta de Carnaval, na Barra, como trio independente, relançando a banda Ouriço de Paulinho Levi, que já esteve a frente do Tapajós anos atrás. Na sexta, leva o bloco Me Deixe à Vontade, no Centro. Sábado e domingo, apresenta Carla Perez e seu bloco infantil, o Algodão Doce. Segunda e terça, segue independente para o circuito Barra-Ondina com a banda Los Bacanas. Mas o clímax do jubileu do Tapajós será na madrugada da Quarta de Cinzas, no encontro de trios da Praça Castro Alves. Como nos velhos tempos.... HISTÓRIA – Em 1945, três anos depois da invenção da guitarra elétrica baiana, o fim da Segunda Guerra Mundial foi comemorada com um “bate-panelas” em Periperi, pretexto para o jovem Orlando, com 12 anos, tomar mais gosto pela folia. Freqüentava a oficina de Dodô quando, irritado porque o trio que contratou para uma festa não compareceu, resolveu construir seu próprio trio. Nascia o Tapajós, em 1956.

“Dodô fez todos os instrumentos da banda. Dodô e Osmar deixaram o Carnaval da Bahia entre 1966 a 1973, então fiquei com a responsabilidade de não deixar a festa morrer. Coloquei trio em micareta, em festa de largo. O Tapajós puxava o cortejo da Lavagem do Bonfim. Subíamos a colina até quando não foi mais permitido. Até hoje não deixo de sair no trio. Não sossego, quero estar no meio da festa”, contou Orlando, em entrevista exclusiva a Sotaque Baiano.

Em 1972, depois de construir vários trios, Orlando inventou o mais famoso deles, a Caetanave. “Tirei o modelo de uma revista de aeronaves que li durante uma viagem de avião. Fui ao banheiro, rasguei a página e escondi no sapato”, brinca o senhor. Todos os trios que criava, Orlando batizava. Sabia que chamaria aquela criação de “nave”. A idéia do nome completo foi inspirada por Caetano Veloso, que acabara de voltar do exílio em Londres. A Caetanave foi para as ruas naquele ano e a homenagem emocionou Caetano, que desfilou no trio com uma tripulação de peso: Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia. Em 1984, o cantor Cid Guerreiro casou-se em cima do Tapajós. Bell Marques, Carlinhos Brown, Luiz Caldas, Gerônimo e Sarajane são alguns dos artistas que passaram pelo trio, presente no Maracanãzinho, em 1972, na inauguração da televisão a cores, no Festival Internacional da Canção. Haja história. “​​

O Carnaval já não é do povão. Os camarotes e os blocos com cordas estão tomando conta da festa. Antigamente, a grande atração eram os trios. E cada um deles tinha sua banda. O povão brincava muito mais. Agora, está tudo elitizado, as pessoas ficam espremidas”, lamenta Orlando, memória e lenda viva dos carnavais baianos.


Fonte: http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/1286823-trio-tapajos-comemora-50-anos-de-historia-e-carnavais

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