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Minhas GB´s - Felipe "Big Phill" Monteiro


A aquisição da minha primeira Guitarra Baiana aconteceu no início de 2009. Na ocasião eu estava engatinhando no instrumento, minha vida, até então, era o Guitarrão e o Banjo Blue Grass, paixões que equacionaram a conveniência de ser aluno de um mestre nos dois instrumentos, o Morotó Slim.

No ano anterior, meu professor começou a abraçar a guitarra baiana com o intuito, acredito eu, de realizar o Retrofolia. Anos atrás, fim dos anos noventa, inicio de dois mil, éramos vizinhos e ele se dava muito bem com meu pai, meu primeiro professor de violão. Como os dois eram da cidade baixa, Morotó tocava em um cavaco afinado em mi, lá, ré e sol, inevitavelmente saia Dodô & Osmar, Tapajós ou Missinho, quando sentavam na escada do prédio no fim de semana para tomar uma cervejinha e fazer um som.

Nessa época, apesar de achar fascinante a Guitarra Baiana (GB), minha cabeça era outra em relação a música, minha praia era Raul Seixas, Raimundos, Nirvana, Led Zeppelin, Prodigy, Jamiroquai... enfim, aquilo que curtia junto com a rapaziada da minha rua e de colégio. Não me interessei em aprender o instrumento (GB), mesmo com meu pai me recomendando escolher um bandolim desde criança quando íamos a loja de instrumentos musicais, a Primavera do Shopping Barra.

Acontece que com o passar dos anos, sendo discípulo do Rei do Bonfim, aprendendo a admirar outros estilos musicais, apreciando a genialidade de Armandinho e Arôldo nos carnavais, algo parecia incompleto e incompreensível para mim quando arriscava uma sequência envolvendo um improviso qualquer. Passei a escutar muito Novos Baianos no início dos anos dois mil e não conseguia acompanhar o raciocínio de Pepeu ao executar um solo, achava algo extremamente diferente e inalcançável para mim.

Voltando então a dois mil e oito, tinha minhas experiências com bandas, ouvia muita coisa regional e tomava aulas com Morotó uma vez por semana, sempre nas quartas. Quando chegava no prédio dele, lá do interfone eu escutava um som de guitarra veloz, potente e diferente do Rock‘a Billy que aprendia com ele: "Era a Guitarra Baiana. Era a Guitarra Baiana!" Isso que eu procurava tanto nas minhas viagens na guitarra e não sabia desenvolver.

Bem, mesmo tendo um pai fissurado no som da guitarrinha, sendo aluno de um mestre do instrumento, acostumado a ver André e Aroldo bem de perto na escola que estudei no Bairro da Graça, no qual os filhos deles também estudavam, eu era completamente ignorante sobre qualquer assunto relacionado a este universo. Nem sabia, sequer, que existia uma comunidade bastante ativa no finado Orkut.

Iniciei minhas pesquisas, ouvi muito, observei muito, mas ainda não havia posto as mãos em uma Guitarra Baiana. Aconteceu então o Retrofolia. Fiquei encantado! Extasiado! Além de todos da Retrofoguetes terem feito uma apresentação maravilhosa, vi Aroldo Macêdo feliz como uma criança. Botei na cabeça, quero aprender, preciso aprender Guitarra Baiana. No dia seguinte guardei meu guitarrão, esperei chegar quarta feira e então pedi ao meu mestre que me ensinasse. Não queria mais aulas de guitarrão, o negócio agora era Guitarra Baiana.



No início foi complicado. Não tinha o instrumento e precisei adaptar uma semi acústica que eu tinha para estudar. Encomendei cerca de quatro meses depois do início das aulas minha primeira Guitarra Baiana, uma Caicó preta, modelo antigo. Meu mestre tinha uma e era a que eu usava nas aulas com ele.

Sempre usei Fender, Gibson, ou algo similar e não estava acostumado com captadores EMG. Isso foi algo que estranhei no início, mas era mero detalhe e apenas estranho. Algo, entretanto, não me soava confortável na quinta corda; Era muito potente, muito grave e não me sentia à vontade em usar. Como estudava os frevos criados em Guitarras de quatro cordas, de início, era uma corda que não usava em momentos que não fossem os de curiosidade.

Nesse período recebi convite para ser guitarrista em uma banda nova, a El Catraca. Marcos Gordim, que era o compositor, vocalista e guitarrista da banda achou boa a ideia de ter uma guitarra baiana no som que eles faziam. Planejei então adquirir outra guitarra pois quando começassem os shows não daria para improvisar com a mesma qualidade do guitarrão.

Essa oportunidade rendeu trabalhos maravilhosos como: A Rosa, uma nova versão de A deriva, Não temos mais heróis, fora outras composições novas que Marcão me dava liberdade em criar os fraseados ou me passava a ideia do que queria.

Nesse período tive uma baixa no meu orçamento e não pude ter duas guitarras. Além disso, na El Catraca eu usava bastante a quinta corda e todos concordavam com o timbre forte dela.

Elifas então lançou uma nova série de Caicós com captadores projetados por ele. Naquele ano a guitarra baiana alcançava uma marca muito importante. Há tempos não se via uma febre tão grande de músicos querendo o instrumento. E eu queria muito ter uma Guitarra Baiana com aquela qualidade sonora.

Elifas lançou uma série especial para a ocasião. Não teve jeito, vendi minha guitarra baiana para o amigo Bira, da velha escola de guitarra baiana e que a cuidaria com carinho e adquiri uma das edições limitadas (Caicó Modelo 2010 – 60 anos de Trio Elétrico). O som da quinta era maravilhoso. Lembro de levá-la na casa de Marcão e ele fica fascinado com o som. Gravamos duas autorais com ela naquele dia. O timbre era fantástico, o som limpo soava macio e límpido, como um clarim. Tinha personalidade, assinatura de Elifas Santana. O corpo então... braço macio, madeira leve e de qualidade. Soava redondinha! Com os pedais então!

Infelizmente a El Catraca havia acabado. Me mudei para São Paulo, para casa dos pais de minha esposa, trazendo além da mala e da cuia minha Guitarra Baiana Caicó e minha Guitarra Baiana Acústica (outro produto fascinante de Elifas Santana). Em São Paulo encontrei o baterista Bruno Queiroz, com quem toquei na Elcatraca e Joe Gomes, excelente baixista da cidade baixa e amigo de longas datas do meu mestre, no qual fez parte da Dead Billies e Retrofoguetes.

Joe tinha um projeto antigo envolvendo a música baiana e achou massa ter uma guitarra baiana somando. Bruno mudou-se para a Argentina, e eu dei continuei no projeto, o Canavaranda. Com o tempo senti a necessidade, mais uma vez, de outra guitarra baiana.

Quando, em dois mil e oito, participava da comunidade de Guitarra Baiana no Orkut trocava muita ideia com os luthiers Yure Barreto e Fábio Batanj. Acompanhava suas obras e queria muito uma Guitarra Baiana feita por eles também. Retomei ano passado os contatos com Batanj a respeito do projeto de uma S/G. Batanj havia construído uma guitarra fantástica para meu mestre e para outros músicos. Dentre estes músicos pude ter contato com a de Júlio Caldas e Marcos Moletta. Achei os instrumentos sensacionais. Encomendei a minha. O resultado fui ainda melhor do que eu esperava. Ouso dizer que o timbre dela me agrada muito mais que minha Gibson S/G. Muito mais personalidade. Usei o instrumento esse ano no carnaval em Cambuí, Minas Gerais, também em uma canja que participei na varanda do SESI Rio Vermelho com Júlio Caldas. Confortável, potente, fantasticamente presente e o melhor, caracterizada com as cores do meu Bahêa (incluindo as duas estrelas). Uma obra prima!

Carnavaranda - El Cubanchero

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