Orlando e Orlandinho Tapajós - Criadores de Grandes Palcos da GB
Trecho adaptado do texto de Gabriela Cruz (gabriela.cruz@redebahia.com.br) - publicado 16/02/2015 no Correio 24h
Como autêntico carnavalesco, Orlando Campos sempre se orgulhou da sua maior criação: o trio elétrico Tapajós. Parece que foi ontem quando ele, folião apaixonado, colocou na cabeça que teria um trio elétrico depois de contratar um e a atração não aparecer. Para isso, contou com a ajuda de Dodô Nascimento, parceiro de Osmar Macêdo, que já fazia sucesso com a Fobica.
“Conheci Dodô em 1955 e, depois de conversarmos, ele me disse que eu ainda teria um trio elétrico e que me ajudaria quando chegasse a hora. No final do mesmo ano, procurei por ele para concretizar sua ‘profecia’”. E foi assim, em uma época em que o veículo tinha estrutura rudimentar e tecnologia zero, que seu Orlando começou a inovar e fazer seu nome. Foi ele quem criou a carroceria de metal, colocou banheiro, escadas e até elevador. “Até meados dos anos 90, meu pai construía, na metalúrgica dele, 90% dos trios elétricos do país”, conta Orlandinho Tapajós. Foi de seu Orlando também outra criação que entrou para a história do Carnaval, a Caetanave, lançada em 1972 para homenagear Caetano Veloso, que acabara de chegar do exílio em Londres.
“Todo Carnaval eu fazia uma carroceria nova para o Tapajós e nesse ano me inspirei em um avião supersônico que vi em uma revista durante um voo de São Paulo para Salvador. Como não podia trazer a revista, fui até o banheiro, rasguei a página, dobrei e coloquei na sola do sapato”, relata seu Orlando. Orlandinho tinha 7 anos quando viu seu primeiro Carnaval em cima do trio elétrico do pai.
“Aquilo me marcou muito. Foi naquele momento que me deu vontade de seguir nessa carreira. Ele começou a trabalhar com seu Orlando aos 15 anos. “Em 1975, fomos contratados pela Souza Cruz e construímos cinco trios, dois para o Rio de Janeiro, dois para Minas Gerais e um para Salvador. Assumi uma das carrocerias e viajei o Brasil”, relembra. Com a chegada dos anos 80, Orlandinho percebeu que os foliões não iam mais atrás do trio e sim dos artistas e decidiu receber no Tapajós, que tinha uma banda de mesmo nome, outras atrações. Passaram pelo trio nomes como Luiz Caldas, Sarajane, Marcionílio, Durval Lelys, Carlinhos Brown, Netinho, Bell Marques e Daniela Mercury. No início dos anos 90, Orlandinho convenceu o filho mais velho, Neto, 33, então com 13 anos, a dar expediente no escritório.
O garoto, que estudava no Colégio Militar com o irmão caçula, Bruno, 28, não curtiu muito a ideia, mas acabou tomando gosto. “No final dessa década, minha família entrou em crise financeira. Eu já fazia festas na escola e percebi que aquilo dava dinheiro. Abrimos a Tapajós Produções em 2006. Escolhemos esse nome para não deixar a marca Tapajós morrer. Hoje, temos um relacionamento muito próximo com a maioria das grandes bandas e artistas baianos e vendemos shows para todo o Brasil”, explica Neto. “Tá no sangue. Não me vejo fazendo outra coisa”, resume Bruno.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/herdeiros-de-mestres-do-carnaval-baiano-contam-como-levam-adiante-o-nome-da-familia/?cHash=ffde11d69eecf64ff96c21f97fcba834