AIDIL DO NASCIMENTO (Seu DICA)
Publicado dia 03/04/2016 - Atualizado em 13/04/2016.
Nesse post daremos início a uma coluna denominada "Mitos da GB", figuras lendárias que de alguma forma escreveram ou escrevem a história da guitarrinha. Seria praxe iniciar com seu Dodô (o inventor) ou seu Osmar (o incentivador), mas o lugar deles esta bem guardado para breve. O escolhido para inaugurar a série foi Seu Dica, considerado o primeiro a usar 5 cordas na guitarrinha.
AIDIL DO NASCIMENTO (Seu DICA)
Nascido em Maragojipe/BA, músico, maestro e arranjador, se autodenomina o inventor da guitarra baiana elétrica de 5 cordas. Em 1957, criou o Trio Elétrico Maragós, que ainda hoje arrasta multidões pelas ruas da cidade:
“Eu sou um dos primeiros seguidores de Osmar. Eu tocava na Rádio Excelsior e no Rumba Dancing e aí a Marinha fez um bloco chamado Filhos do Mar. Osmar tinha trio há poucos anos. Aí, me perguntaram: você quer tocar no trio? [eu disse] Aceito. Foi eu e outro colega daqui [de Maragojipe], me arranjaram um cavaquinho lá em Salvador mesmo, mas só que o cavaquinho não resolvia nada. Na hora h eu falava: o cavaquinho não sabe falar nada, não sola. Solar de violão? Aí peguei a solar. Aí, fiquei com aquilo na cabeça. Fui-me embora pra São Paulo, fiquei
na Record, na Rádio Clube de Santo André, mas aquilo ficou na minha cabeça. Quando eu voltar pra Maragojipe eu vou fazer um trio. Ai eu voltei, em 1956, pra Maragojipe. Naquele tempo era mil réis. Fui angariando dinheiro, falei com o prefeito daqui, que era Juarez Guerreiro, na época, se ele me dava um contrato pro carnaval e me dava um adiantamento. Ele então: eu dou. Eu então, com o que eu tinha no bolso, fui na Radiofon, que era na Praça da Sé, comprar um aparelho, mas, quando eu perguntei o preço, o dinheiro que tinha levado não dava. Eles perguntaram se eu não tinha nenhum comerciante que pudesse avalizar pra mim. Eu disse não, não tenho intimidade com ninguém. Quando eu ia saindo, ia entrando um comerciante daqui. Miguel, de César. Ô rapaz, tá por aqui? Tô; vim fazer um negócio aqui, mas falhou. O homem pediu um avalista e eu não tenho. Ah; isso é mole! Vamos lá! E foi Miguel quem avalizou isso aí. A gente voltou e eu dei o que tinha de entrada. Toquei o carnaval, que o prefeito me deu o contrato mesmo. Nesse primeiro, ano era eu, um rapaz no cavaquinho que se chamava Fernando e outro, Cândido. Era sociedade, nós três. Eles morreram e eu continuei.
O carnaval aqui, os caras faziam aquelas máscaras de chifre, chamava cabeçorra. Aí, dava carreira nos meninos, laçava os meninos, mas não fazia nada demais, era só pra curtir mesmo. No carnaval de rua tinha blocos, de manhã e de tarde, tinha muita gente que fazia ternos de reis durante o carnaval. Quando eu comecei com o trio, eu saía de manhã, de tarde e de noite todos os dias. Hoje, tá melhor, mais sofisticado, as máscaras de papel, essas coisas”.
Vídeo fantástico indicado pelo Luthier Fábio Batanj:
REFERENCIA
BAHIA. Governo do Estado. Secretaria de Cultura. IPAC. Carnaval de Maragojipe. / Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. – Salvador: FPC, 2010 http://www.cultura.ba.gov.br/arquivos/File/CadernoIPACmaragogipe.pdf