MOACYR "TAPAJÓS" SOARES

Moacyr Soares, foi ex-músico dos trios Tapajós, Marajós, Internacionais, dentre outros. Filho de chorão e precoce no instrumento, Moacyr gravou nos três primeiros discos do Tapajós, entre 69 e 72, lançados antes de o Trio Armandinho Dodô e Osmar voltar a gravar em 1975. Cutucando suas memórias, saiam bastidores de micaretas, solos intermináveis. Junto com os companheiros, eram as estrelas no teto da Caetanave.

No Carnaval de 1970, Moacyr cometeu um ato audaz naqueles tempos de urutus. Assumiu o microfone na avenida e anunciou, com toda a solenidade possível para um caminhão da alegria, que iria tocar o Hino Nacional. E pediu ainda que os militares tirassem os capacetes em sinal de respeito. O dono do trio ficou verde, mas não foi de patriotismo. E os acordes irromperam na balbúrdia etílica da praça.

Mas nem tudo foi alegria. Na 1ª metade dos anos 70, aconteceu uma das homenagens que mais o comoveram. Começou com uma batida entre o ônibus que carregava os músicos do Tapajós e uma Kombi. Sete músicos morreram. O luto abafou os decibéis. As lágrimas embaçaram os acordes de guitarra e a marcação do surdo... ensurdeceu. Mas a folia da vida seguiu.

Pouco tempo depois, o Caetanave, o trio especial que homenageou Caetano Veloso na volta do exílio, foi convidado a tocar na tradicional micareta da cidade de Alagoinhas.

Mesmo enlutado, o trio parou na praça. E o povo forrou de rosas o paralelepípedo das ruas, justamente no trilho dos pneus.

Tudo isso para que, ao final, os músicos se esquecessem da dor e voltassem a andar num caminho repleto de flores.

Moacyr Santos Soares faleceu numa manhã do sábado (16/11/2013). O músico que foi solista principal do Trio Elétrico Tapajós, Caetanave e Marajós e o primeiro a registrar o som do Trio Elétrico em lp, em 1969, se foi sem ver um de seus sonhos começarem a se tornar realidade, o de devolver o carnaval para o povo, com os trios sem cordas retomando parte do carnaval de Salvador.

Apaixonado pelo Trio Elétrico, Moacyr teve planos de por na rua um Trio aos moldes dos antigos, nos anos 90, mas o projeto não chegou a se realizar. Posteriormente criou o grupo Varanda Elétrica. Parte importante de sua obra está disponível nos primeiros discos do Trio Elétrico Tapajós.